
A Guerra de Preços e seus Efeitos na Indústria Nacional
Por Rogério Bortolini, diretor executivo da Meber Metais
A escalada da guerra de preços que atinge a indústria nacional tem gerado crescentes preocupações entre empresários, trabalhadores e especialistas do setor. A entrada massiva de produtos importados, frequentemente vendidos a preços muito baixos, tem criado um cenário de concorrência desleal. Esses preços, muitas vezes incompatíveis com os custos reais de produção, ameaçam a sustentabilidade das empresas brasileiras, sobretudo as que prezam pelas boas práticas de mercado e atuação socialmente responsável.
Esse panorama se torna ainda mais grave quando consideramos que muitos dos produtos importados estão associados a padrões de qualidade deficientes. A falta de garantias, de assistência técnica adequada e os impactos ambientais significativos trazidos por esses produtos configuram o que o mercado popularmente denomina de "barato que sai caro". Enquanto isso, as empresas que operam dentro do território nacional, em sua grande maioria, seguem normas rigorosas de qualidade, pagam impostos, geram empregos e investem em inovação. Tal distorção de mercado torna-se insustentável, principalmente quando a lógica econômica não favorece quem realmente contribui para a economia do país.
Diante deste cenário, medidas como o antidumping devem ser compreendidas não como uma forma de protecionismo, mas como uma ferramenta legítima de defesa comercial. Elas têm o objetivo de corrigir distorções que ameaçam não somente a competitividade de empresas nacionais, mas toda uma cadeia produtiva que foi construída com esforço, seriedade e compromisso com o desenvolvimento econômico do Brasil. O antidumping, portanto, é uma forma de assegurar que as práticas de mercado se mantenham justas e equilibradas, protegendo assim os empregos e investimentos feitos internamente.
Comprar de indústrias nacionais, além de apoiar a economia local, fortalece laços comunitários e promove o desenvolvimento regional. Os impostos pagos pelas empresas brasileiras retornam à sociedade sob a forma de serviços públicos essenciais, enquanto os empregos gerados incentivam o comércio local e a circulação de recursos no âmbito regional. Além disso, a inovação é estimulada em um ambiente onde existem investimentos consistentes, e esses investimentos estão diretamente ligados à competitividade do setor.
É imprescindível que políticas públicas claras e eficazes sejam implementadas, de modo que se incentive a produção responsável e se estabeleçam normativas justas. Sem essas medidas, o país se tornará refém tanto da concorrência externa desleal quanto das distorções internas que comprometem a saúde do mercado nacional. A proteção da indústria local deve ser uma prioridade, não apenas para garantir o crescimento econômico, mas para assegurar um futuro sustentável para as gerações vindouras.