Jardinagem ecológica, uma forma de se reconectar com a natureza
A reconexão do ser humano com a natureza é uma necessidade cada vez mais urgente para ajudar o mundo a se tornar um ambiente sustentável de fato. Além do respeito aos recursos naturais, atitudes assim tem um ganho inestimável para o ser humano compreender que ele faz parte da natureza e depende dela para viver.
Uma boa forma de fazer isso é praticar uma jardinagem sustentável, com elementos que combinem o uso da reciclagem de resíduos orgânicos, conhecida como compostagem, e outras ações como o plantio de plantinhas medicinais, frutíferas e nativas – suplantando a ideia de um jardim meramente estético.
Assim, além de praticar uma atividade em contato direto com a natureza – uma excelente maneira, também, de combater o estresse diário –, você está contribuindo para a manutenção da biodiversidade local, estimulando a presença de insetos polinizadores e pequenos animais silvestres.
Para começar um jardim ecológico, você não precisa destruir o que tem – isso seria um contrassenso, não é? Inicie o processo pensando em sustentabilidade. Assim, reduzir, reutilizar e reciclar serão a base de seu projeto, que refuta o uso de fungicidas, herbicidas, fertilizantes artificiais ou inseticidas.
Para seu jardim vicejar, nada melhor do que adubo orgânico. E você pode fazer isso em casa, montando uma composteira, que ainda oferece um poderoso biofertilizante. Basicamente, esse sistema é feito com o uso de três caixas, montadas uma sobre as outras, sendo a última o receptáculo do chorume resultante do processo de decomposição do material orgânico das caixas superiores, cujos fundos têm furos.
Esses recipientes podem ser comprados prontos, mas se a sua ideia é colocar em prática a sustentabilidade, você pode usar baldes velhos e fazer tudo em casa – veja abaixo.
A composteira também é conhecida como minhocário porque uma das formas de mantê-la é utilizar minhocas para acelerar o processo de compostagem. Mas também é possível fazer isso sem o uso desses animaizinhos, o que tornará o procedimento mais lento. As duas caixas superiores de sua composteira devem trocar de posição quando a primeira estiver cheia. Para isso, abasteça com dois tipos resíduos orgânicos: restos de alimento (cascas, sementes, polpas, ossos, casca de ovo, alimentos estragados e sobras impróprias para consumo) e restos de vegetação, como galhos, folhas secas e grama cortada. Depois de encher, a caixa deve ser trocada de posição com a debaixo.
De acordo com a Embrapa, uma boa compostagem depende do controle de umidade, temperatura, aeração (nível de oxigênio) e balanço de nutrientes, no caso, os resíduos orgânicos da cozinha, que são ricos em nitrogênio, e o material vegetal, rico em carbono. Com o biofertilizante produzido pelo sistema, é possível nutrir o solo de maneira natural, sem o uso de químicos, conferindo a ele excelente fertilidade.
Com ele, você pode dar prosseguimento ao seu jardim ecológico, com o plantio de plantas autóctones, que se adaptam melhor às condições locais. Plantas aromáticas, como alecrim, lavanda, tomilho e sálvia, que podem ser utilizadas em pratos, chás e sucos, e outras que produzem pólen, de modo a atrair joaninhas, ótimas para o controle de pragas, são super bem-vindas. Essas últimas, podem ser desde aromáticas, como as de lavanda e tomilho; arbustivas, como a erva-cidreira arbustiva; trepadeiras, como a Ora-pro-nóbis; ou frutíferas, como a urucum.
Na jardinagem ecológica, é importante também pensar em formas de armazenar a água da chuva para ser utilizada, posteriormente, na rega das plantas. Um de seus conceitos é que a vegetação se sustentem pelos próprios recursos naturais. Reutilizar materiais que teriam como destino o lixo também faz parte do conceito. Objetos que iriam para o descarte, como pneus e restos de materiais de construção podem ser utilizados para fazer caminhos e criar nichos de plantinhas no jardim.
Faça sua composteira em casa
O que você precisa
– 3 baldes de plástico com tampa, como os de gordura vegetal (pode ser de 15kg), encontrados em panificadores ou restaurantes
– Tela de mosquiteiro ou 1 meia-calça de nylon
– 450g de minhocas californianas
– 1 kit torneira (plástica)
– 1 furadeira
Importante saber
Antes de começar, é importante saber que os baldes ficarão empilhados um sobre os outros. Enquanto o da base, que receberá a torneira e servirá para coletar o chorume (biofertilizante), ficará sempre fixo, os outros dois se alternarão. Quando o de cima estiver cheio, ele passará para a posição inferior, e esse será levado ao topo, de modo que possa começar a ser abastecido com matéria orgânica, repetindo esse processo sucessivamente.
Para montar
– Com uma furadeira, faça diversos furos na lateral superior dos dois baldes que se alternarão na composteira. Os furos devem ser feitos logo abaixo da tampa, de modo a permitir a passagem de oxigênio. Use uma broca de 2mm ou 3mm.
– Nesses mesmos dois baldes, utilize a furadeira para fazer diversos furos no fundo. Utilize uma broca de 7mm. Esse procedimento servirá para as minhocas migrarem de um balde para outro.
– Para isso, duas tampas devem ter o miolo cortado. Atente para deixar uma margem de cerca de dois dedos da borda para o centro, para que os baldes possam ser empilhados e as minhocas irem com mais facilidade de um para o outro. Mantenha a tampa do balde que ficar em primeiro da pilha intacta, uma vez que ela servirá para fechar o recipiente.
– Instale a torneirinha na parte debaixo do balde que será a base da pilha. Posicione ela e marque com uma caneta. Com uma furadeira, vá abrindo o buraco até a marca e coloque a torneira.
– Entre o segundo e o terceiro balde, disponha uma tela de mosquiteiro ou uma meia-calça de nylon. Assim, o chorume escoará para o balde da base sem que as minhocas caiam no líquido.
Como abastecer a composteira
– Coloque no primeiro balde um pouco de matéria seca (galhos bem finos e pequenos, folhas secas)
– Adicione uma quantidade de húmus de minhoca, cerca de 10 centímetros
– Coloque as minhocas
– Coloque restos de alimentos. Quanto menores eles forem, mais rapidamente ocorrerá a decomposição e mais facilmente as minhocas criarão adubo
– Coloque sobre eles novamente um pouco de matéria seca. O ideal é que para cada porção de restos de comida seja coloca três de material vegetal
– No início, faça esse procedimento apenas uma vez na semana. Nesse período, guarde o material orgânico produzido em sua casa num recipiente com tampa, evitando a exalação de cheiros e a atração de moscas
O que pode e o que não pode colocar
– Alimente as minhocas com moderação. Uma boa forma de saber a frequência é ver como estão os restos da última vez que você as alimentou
– Os alimentos podem estar parcialmente triturados ou cortados entre 1cm e 5 cm
– Para alimentar as minhocas, utilize restos de frutas e verduras, borra de café (pode conter o papel filtro), cascas de ovos, folhas, flores do jardim, grama cortada, pão umedecido e até papelão umedecido (em pequena quantidade e pequenas partículas) e guardanapo usado
– Nunca coloque restos de carne e nem de produtos lácteos, além de papel higiênico e fezes de cachorros e gatos. Também não devem ser colocados materiais salgados ou avinagrados e nem cascas de alguns alimentos, como cebola, alho e cenoura
– Evite colocar cascas de frutas cítricas e alimentos temperados com açúcar
– Deixe sua composteira em lugar arejado, abrigada do sol e da chuva
– Assim que o balde de cima da pilha estiver cheio, troque de lugar com o balde de baixo e repita o processo. Assim, enquanto uma é abastecida, a outra trabalha na decomposição
Adubo e biofertilizante prontos
Para saber se o material decomposto está pronto para ser usado como adubo, preste atenção na forma do conteúdo. Ele deve estar uniforme, sem cheiro e sem nenhum resto de alimento. O tempo para isso ocorrer pode levar 60 dias. Depois de pronto, o conteúdo pode ser utilizado como adubo em hortas e no jardim. Durante o processo de compostagem, a decomposição do material orgânico produz chorume, um líquido escuro e, neste caso, sem cheiro. Esse chorume é o biofertilizante que se armazena no balde fixo de sua composteira. Para usá-lo, dilua uma medida em 10 de água e aplique nas plantas de sua casa ou diretamente no solo.